sexta-feira, 13 de julho de 2012

Homem Concreto




Fazia tempos que eu não dormia profundamente, mas eu dormi, e sonhei com um muro, não sei se esse muro existe, talvez não...

E no meu sonho ele é concreto, armado!! Que sai andando na paisagem, ele é a vida dos muros que abrem os olhos, para olhar o mundo pelos olhos dele.

Por trás dos olhos dessa muralha de concreto armado, se vê todos os homens. Os que sabem que são anjos e demônios, ele sabe, de tantas almas que provavelmente já se apoiaram nele, sem saber que ele estava se apoiando...mas não sabe que tento ver por dentro dos olhos de seu muro, toda a estrutura que ergue esse cimento.

Eu vejo os seus vergalhões, apenas vejo, sem me importar sua história, o quanto ele sustentou o peso de sua pele de tijolos e reboco, contemplo...com a mesma intensidade que contemplaria a beleza das muralhas da China ou até as dores do muro de Berlim.

E eu me aproximo dessa parede para recostar minha cabeça em seu ombro cinza, mas sinto sua pele de cimento, com se eu pudesse absorver cada arranhão desse muro forte, e passando a mão vagarosamente por todo esse reboco...sinto esse muro em outros tempos, e sei que ele nunca foi tão forte ou tão bonito, dentro da originalidade que só o tempo confere à arquitetura dos homens e das muralhas.

Arranho essa parede forte, sem dó das minhas unhas, que ficam carregadas de seu pó e sedimentos...olho pra esse pó, e sinto que ele protege mesmo sem ser um teto, é transparente mesmo sem ser vidro, mata a sede sem ser água e a fome sem nunca ter absorvido algum alimento, e o pó nas minhas unhas com sangue, se dissolve em fumaça de oxigênio, e eu respiro, suspirando e sussurrando carinhos pro seu silêncio...concreto e armado.



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