segunda-feira, 2 de abril de 2012

Nirvana






Estávamos andando pela rua, chegamos ao parque e olhamos para o céu, um estranho objeto se aproximava. É tanta coisa que se falam sobre 2012, que nos abraçamos temendo o fim. Seriam estranhos seres a invadir nosso espaço? Quem sabe para acabar com a vida e tudo que aqui existe.

O céu está azul, e a luz se aproximou, eis que vimos surgir uma linda cama, um dossel...seu lençol é vermelho alaranjado com guirlandas da mesma cor, em tons um pouco mais claro, e suas cortinas de um cetim azul bem fino, são carregadas por milhares de vagalumes.

Ela veio se aproximando de nós...até que chegou a uma altura que podíamos vê-la como um palco, as ruas estavam vazias, então não temos testemunhas para comprovar.



Havia um casal na cama, parecia um quadro orientalista de Ingress...Porém quem estava na cama era Shiva e Shakti, os destruidores, que na verdade são transformadores.

Shiva olhou pra nós, e contou que só estávamos usando a mão esquerda que é a representação do egoismo e do ego...contou que representa o reconhecimento do espírito, e disse que havia vindo pra nos falar da experiência oceânica. Ele não quis explicar o que era, mas quis nos fazer sentir...

...Nos sentimos sendo invadidos por uma energia subindo apartir dos pés devagar até o ventre, ao chegar no ventre, ele circulou como um prazer bem conhecido tanto pelos homens tanto pelos bichos...mas não parou por aí...foi subindo pela espinha, em direção ao coração. Então quando nos olhamos nesse momento, entendemos que éramos um só ser, e por isso, a sós, nos sentimos tão incompletos...E ela continuou a subir, passando pelo nosso rosto...achamos que fosse a morte...mas não, ela rodou por nossa cabeça, nos mostrando todos os espaços escondidos e desconhecidos...

Nesses espaços, pudemos em segundos, entender todos os loucos e profetas, capturar seus conhecimentos e dissipar seus males...

E tudo em nossa volta foi se modificando:

As nuvens se formaram repentinamente em forma de Zeus, ou de Deus, ou de quaisquer fenômenos escatológicos...e começaram a soprar, a ventar, a destruir todas as paisagens de cimento de colorido quase acinzentado, formando um caos. A pessoas corriam pelas ruas com roupas e cabelos esvoaçantes, aterrorizadas e livres. 

Todas as construções foram derrubadas deixando apenas cinzas, pessoas descabeladas e nuas. Seguido o desespero do nada ter, veio a bonança do “nada a fazer”, e todos deitaram relaxados no nada.

O chão foi se partindo e dele brotando luzes em neon...verdes, azuis, amarelos, formando árvores e flores em forma de andaimes reluzentes. As pessoas nuas se levantaram para contemplar, e os reflexos das luzes tornavam seus corpos vestidos e seus cabelos como que repletos de vaga-lumes.

Esses andaimes reluzentes foram vagarosamente forrados por matérias que pareciam luzes, penas, folhas, galhos, águas, estrelas, pedras...formas que todos conheciam apenas de seus sonhos e de sua infância.
O choque humano, fez com que seus pés criassem asas nos pés, como Hermes, e todos começaram a voar em torno de si e dessa nova realidade.

A tristeza da perda, e a saudade das imagens destruídas, causava em todos, instantâneas nostalgias, que eram imediatamente apagadas pelo brilho das novas cores e impressões.

Os cabelos...ah os cabelos...passaram a ter outra importância, eram o movimento do ar e a extensão dos sonhos...E não conhecíamos todas as cores e cheiros, não éramos nada antes disso, além de autômatos esperando a morte e a submissão de nossa matéria a fazer parte da matéria morta e árida.

Pois a matéria não é mais morta. Ela é a extensão dos nossos bons pensamentos e a ressurreição de todos os sentimentos nobres. As plantas são mais brilhantes, o céu tem mais cores que o azul e a vida vai muito além do nascimento e da morte, dando finalmente um sentido a vontade de estar vivo.

Nivana...isso eles disseram, que nossa energia é muito maior do que cremos...Kundalini...e partiram...

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