sexta-feira, 6 de julho de 2012

Sexo, Entropia e Multiverso




Não creio no acaso...mas no caos, tal qual a explosão do prazer em nossos corpos, e a sensação que o sexo gera...de que não é possível que sejamos apenas matéria.

A natureza, nos faz crer que somos donos dos nossos destinos, mas nos comanda até com pingos de chuva...se for determinado a dois corpos se encontrarem.

Se eu tivesse a sabedoria desse sistema...sopraria um dente de leão, que o fragmento cairia sobre uma formiga, que num susto soltaria a semente que carregava, que germinaria em rosa, que ele, mal intencionado, traria pra mim e me levaria para a sua cama.

Existe um plano de diversas possibilidades, nas quais trafegamos, crendo serem nossas, todas as decisões. Não são. Ao menos acordados, somos sujeitos as intempéries de todas as matérias. E nem sempre temos a possibilidade, de dizer não. Eu não quero...mas, quando vê, já foi.

Mas na calada da noite, todas as possibilidades paralelas, são mais do que reais. E eu senti...começou um sonho turvo e brilhante...senti uma mão encostando em minhas pernas, e de ressalto pulei. Não havia ninguém.Estava sonhando? Essa sensação já se repetiu comigo diversas vezes, mas foi a primeira vez que senti uma presença.

Medo...de barriga pra cima, me cobri até a cabeça...e com os sono chegando, senti um certo entorpecimento agradável no rosto...que quando chega, já sei o que vai acontecer, minha cabeça parecia um pouco solta do corpo, levantei dei alguns passos, senti um cheiro, vi um vulto e ouvi um barulho e no susto me senti puxada pra trás e caí no meu corpo... Caí no meu corpo? Sim, a sensação é de cair no corpo, os sentidos são bem diferentes de um sonho "normal", é tudo mais intenso e aguçado.

Relaxei e levantei novamente e já sem medo...andei pelo quarto seguindo o odor e passei a mão nas paredes, que não pareciam mais paredes, então constatei...eu estava fora...nesse momento encostar na matéria é como se estivesse afundando minhas mãos em uma leve onda de energia que me fazia cócegas.

Tudo era novamente brilhante, passavam raios em minha volta...não, eu não havia usado droga alguma...nunca usei. Dessa vez não saí do ambiente como das outras vezes.


O vulto veio em minha direção, eu virei e saí andando, mas me senti abraçada pelas costas, ele pos suas mãos no meio do meu peito e me senti como se o carinho fosse algo muito mais profundo e interior, como uma pena sendo passada suavemente, muito, mas muito por dentro de mim...Quando encostou todo seu corpo no meu entendi o que é ser engolida. Eu fui...

Me virei suavemente e estávamos misturados como em uma entropia do universo: feito fumaça que não volta atrás, o gelo que derretido na água não mais dela se separa...Mas nos comandávamos, como se tivéssemos a possibilidade de em fração de segundos, existir e não existir, existir e não existir...Big Bangs sucedidos de Big Crunches, expandir e encolher...quem sabe até desaparecer...buraco negro, explodir...

Eu via seu corpo mas não via, conhecia mas não conhecia...sentimento estranho. Ele não falava, mas eu entendia...ouvia. Talvez ele fosse uma de minhas realidades não vividas, um de meus multiversos...

Acordei...Mas eu estava dormindo? Meu amor dormia tranquilo ao meu lado. Alívio...foi bom demais, porém...olhei pra ele, e passei a mão em sua barba nascendo...quis sentí-la em toda minha superfície. Quis apalpar tudo, que em projeção, estava solto no éter. 

O prazer do contato de nossas matérias, que só se penetram em partes e se sentem em texturas, dimensões, sentidos e estados diferentes, o som do seu riso...o mistério das verdades dele, que eu não posso invadir. Os limites que nos fazem querer quebrar as paredes e superar obstáculos, rasgar corpos...a experiência de ser limítrofe para se sentir pequeno na imensidão do cosmos.

(ficção?)


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