terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Rainha Má - Parte 2

Obra Sfinge, do italiano Roberto Ferri


- Como ousas tratar-me desta forma? - urrava enfurecida para invasor.
- Aquiete-se, piranha real. Estou aqui como convidado, não é mesmo? - dizia isto com meus cabelos enrolados em seus dedos. Meu rei sorrira em aprovação, cúmplice, enquanto o anônimo caçador, acariciava meu pescoço com o verso de seu punhal.

Ventos gélidos varreram meus aposentos, aquela sombra escura gargalhava com deboche:
- Minha rainha, não pude ignorar o quanto és hábil, acredito que poderia demonstrar suas aptidões para este humilde servo de seus encantos...

Naquele momento, percebi que havia caído em minha própria armadilha, distribuíra tantas iscas pelo caminho que acabara por atrair alguém ainda mais depravado do que eu, e com músculos que facilmente sobrepujariam qualquer força de vontade.


Arrogante, desafiei o caçador: - Imundo, toque em mim e te arrependerás amargamente. Amaldiçoarei seu sangue e seu sêmen, morrerás de forma lenta e dolorosa. As sementes de teu falo farão aprodrecer o útero de sua amada, não haverá continuidade em sua árvore, definharás abandonado e na tua morte findar-se-á a sua linhagem.

Chorava e miava tentando desvencilhar-me de ambos. Meus gritos eram sufocados por tapas impiedosos. Minha pele fizera-se rubra pela agressão. Esperneava, vigorosamente, mas era contida, com eficiência, sempre que arriscava a mera ideia de fuga.

E então, em um momento de descuido, cravei as unhas no rosto de meu algoz, sorri com o pouco do orgulho que me restara mas fui retribuída com escárnio:
- Isso, isso que eu quero. Resista, lute, continue se comportando como uma gata arisca. É inútil, não há escapatória, milady. Oh, não me olhe assim, eu estou fazendo isto para o seu bem, você precisa de um corretivo, depois que eu terminar, você me agradecerá. - roubava meu fôlego enforcando-me com uma única e enorme mão,

Ele tinha razão, eu não tinha como resistir. O que eu estava fazendo? Por que eu me comportava como uma escrava quando era uma rainha? Não, eu ainda tenho algum poder, eu preciso mudar de estratégia.
Havia mais razão do que isto no que ele dizia, eu realmente estava gostando, ninguém antes havia sequer tentado dobrar minha vontade...

Espelho, espelho meu, existe rainha mais perversa do que eu?

Fechei os olhos e deixei que ela emergisse. Altiva, impetuosa e inconsequente. Meu rosto transmutara-se em uma pintura insana, não havia mais vítima, havia apenas a criatura faminta, imprevisível, livre. - Aaaahnnn - Um gemido intenso e carregado de luxúria. O som de meus delírios fez estremecer a ambos, rei e caçador. Levantei do chão com agilidade felina e iniciei minha dança enquanto me livrava dos trapos que ainda enroscavam-se em meu corpo ferido.

As engrenagens alinhavam-se, meu corpo ondulava e movimentava consigo os olhares gulosos:

- Contemplem vossa rainha. Não tomem de mim o que eu posso oferecer-lhes de bom grado. Permitam-me satisfazer a ambos.

Gentilmente, envolvi meus braços no rosto do caçador e o fiz sentar-se a minha frente, debrucei-me sobre ele e lambi a boca carnuda. Munida da mais dissimulada docilidade, pedi que me perdoasse por resistir, ofereci meus peitos a ele enquanto habilmente rebolava em sua espada, o caçador, grosseiro, pressionava meu corpo para si, penetrando com força e crueldade, urrando descontrolado, totalmente consumido em me foder.

- Oh, meu rei, não permita que apenas ele usufrua da sua senhora. Sou sua, tome o que é seu, goze conosco.

Devassa, implorava por ele entre gemidos, empinava meu corpo para ele enquanto o caçador me destroçava sem piedade alguma. O caçador abria minhas nádegas em convite ao rei:

- Vossa majestade convidou-me para jantar mas ainda não tocou na comida.

O rei, sentindo-se desafiado, fez-se presente ao convite do caçador. Soube que a dor viria e não me importei. Sentia as estocadas profundas, frente e verso, as mãos pesadas apertando meu corpo, nosso suor se misturando, a canção ritmada dos gemidos, dos músculos, dos fluidos... nada disso importava, eu avistara minha vingança, eu era a rainha e apenas isto era importante.

Agora, o caçador, bruto, fizera de mim sua montaria. Eu desejava isso, eu desejava que ele maltratasse meu rabo e me inundasse com sua porra. Meu rei, querendo humilhar-me ainda mais, mandou que implorasse pelo seu leite e abrisse bem a boca. Senti o sêmen escorrendo pela minha garganta e novamente não me importei, a salvação estava próxima e apenas isto era importante.

Suguei todas as suas forças e eu mesma era apenas um espectro animado pela fúria. Consumida pelo ódio, rastejei rumo ao último ato.

Vermelho e quente, era eu agora quem fazia deles meus pedaços de carne, penetrando o punhal várias e várias vezes, banhando-me em seu sangue, gemia extasiada com a morte em meu corpo.

Rei e caçador jaziam pálidos e eu não me importava.

Eu era a rainha, estava vingada, e só isto importa.


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