quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O sexo pra mim sem ficção

aperte o play!



Isso é muito grandioso e não paramos pra pensar: existimos única e exclusivamente por causa do prazer, ele é o nosso único criador, comprovado e tangível, o único motivador de nossa perpetuação. 

Eu tentei por muitos anos corromper minhas idéias sobre sexo. Sim, corromper...a vida é bem mais fácil para aqueles que se aceitam como bichos, ser amoral é adjetivo da natureza, e ela é fria, gelada...para aqueles que se vêem apenas como homens.

Minha sexualidade nunca esteve sob forças castradoras, pelo contrário, se há alguma coisa que eu posso e devo elogiar em meus pais, é a facilidade que eles tiveram em mostrar aos filhos, a cara que sexo tem pras sociedades: Não temos a sexualidade dos bichos, mas também não..de meros homens civilizados, nos nossos diálogos e acordos familiares, sempre esteve implícito o "bicho homem". Eu pouco ouvi dentro de casa sobre religião, mas fui catequizada nos assuntos do sexo e do coração.

O bicho homem torna o prazer maior do que ele aparenta ser, nós não nos limitamos aos ciclos dos cios, e muito menos trepamos como quem calcula apenas suprir necessidade dos corpos, quando calculamos atendemos o nosso bicho, largamos a alma faminta.

Somos a raça que colocou cópulas em altares, e não percebemos, mas cultuamos mais a esse prazer do que aos santos, deuses ou explicações do universo. Mais do que isso, talvez nossas necessidades de idolatria girem sempre em torno de sexo, a "culpa" do ser humano é tão grande, que nos enganamos em diversas eras, buscando crenças de redenção. 

Mas redenção a que? Talvez ao pecado da crença orgulhosa de sermos maior que a natureza, e realmente nos tornamos maiores que ela...e não creio que isso tenha acontecido em função de nosso ato de pensar. O pensar nos fez vislumbrar o sexo como o milagre da multiplicação, da perpetuação e principalmente do amor.

Sim, o sexo temperado pelo pensamento, proporcionou ao bicho homem, a visão de que o nosso corpo sente na hora do ápice, vem de outro lugar que não dele mesmo, e talvez realmente venha, talvez essa reflexão baste pra acreditarmos na existência do sagrado: não há como materializar essa sensação que SÓ POR CAUSA DELA, existimos.

Tivemos o despropósito de criar um mito que justifique nossa existência, e ainda colocamos neste, forças que destroem a simplicidade, a naturalidade do que nos proporciona apenas vida, muitas vezes o sexo e o prazer ainda foram banidos "do céu"...encarcerados entre as sensações de caráter destruidor, no submundo, no inferno de nossas criações.

Apesar de todas as injustiças cometidas contra o desejo, gritamos e gememos na sua presença, muito mais do que os seres poupados da merda da racionalidade. Da mesma forma que rejeitamos nossos corpos, nos envergonhamos de nossas fisiologias, não nos relacionamos com nossa materialidade...colocamos o sexo hora em patamares sobre humanos, horas na rusticidade ignorante dos animais.

Mas não, o sexo pra nós nunca vai ser rústico ao ponto de conseguirmos separar nossas emoções desse ato, nunca vai ser sublime ao ponto de que não o executemos com nossos corpos. Ele é apenas mais uma prova de que não somos nem bichos e nem semi-deuses, estamos mais para bestas confusas à respeito de nossas procedências.

Então, eu Erika...que não sou bicho e nem semi-deusa, aprendi a olhar pra ele...o sexo, como o que eu sou, apenas uma mulher. Por isso apenas ter o prazer do corpo pra mim não é o suficiente, meus comportamentos "regrados" não podem ser taxados de puritanos, pois o meu prazer não é regido apenas pelo meu corpo, ele é regido por sensações que considero sagradas, por sensações que eu sei...que são infinitamente maiores que o simples gozo.

A única coisa que eu posso dizer para aqueles que se sentem bem fazendo sexo em vingança a uma "suposta moral", levantando bandeira de uma era de liberação, é pedir que me perdoem se pareço pudica, eu não sou...

Apenas pra mim o prazer e coisa é tão grande, tão ligada à minha humanidade...que não há os religiosos que rezem sempre a mesma oração, dentro da mesma igreja? 

Pois é, eu sou uma religiosa devota: Eu posso até rezar em qualquer templo, mas só pros meus deuses eu me ajoelhei em comunhão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário