segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A fome - Parte 2



[Leia a primeira parte aqui]

'Nude Woman in a Red Armchair', Pablo Picasso


Daniel


[Desaceleração]

A bala ondula da ponta da língua para dentro da boca.
Ela lambe os próprios lábios e sorri sacana por alguns milissegundos.
Revira os olhos e faz aquela maldita carinha de inocente. (Ah, deliciosa vadia.)
Inspiração, taquicardia, os 3 passos mais distantes da história.
A súbita tranquilidade, o foco preciso em todos os movimentos.
Colou seus lábios no dela, ambicionando roubar-lhe mais do que aquela bala.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Madá





Eu havia tomado um gole de vinho, Magdalena estava semi nua deitada no tapete. A vela criava um feixe de luz pardo, pacóvio e sem força. Eu estava sentado junto ao chão, olhando as curvas de mulher, as reentrâncias femininas e as marcas do amor feito. Magdalena era um amor de mulher, fiel, sensual, inteligente, dedicada, muito capaz como companheira e mais ainda como uma amante. Seus talentos em me fazer feliz eram divinos, algo que transcendia todo o conhecimento de sentimentos.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Basta um corpo




Havíamos dado a primeira, depois de tanto tempo de espera, eu já imaginava que a comeria como um bicho faminto, não gastaria meu fôlego com palavras, depois de tanto tempo só conversando, minha vontade era apenas matar minha fome.

Eu nem esperava por tanto, acho que nem sabia que existia essa vontade de devorar ser raciocínio algum, quase uma catarse, foi assim que eu me senti, mesmo antes de entrar nela, e não poderia fazê-lo sem com que minha língua sentisse o gosto de todo o seu corpo, reentrâncias e saliências.

Eva e Helena






Porra...depois que eu comi aquela vagabinha minha vida não foi mais a mesma...o cabra que experimenta uma segunda bucetinha depois de tanto tempo com xota delivery, a disposição 24 horas...fode tudo! Só vai querer passar a vara em carne de primeira...você que fica lá no papai e mamãe, horário certo pra trepar, aquele rotina toda certinha...aí me aparece uma mulher como rabo daqueles se esfregando em você...aaaah cara, não há candango que resista...

Respeite o meu "Caos"




Eu poderia começar da minha infância, falar alguma coisa sobre a minha juventude, contar uma história engraçada. Mas sejamos francos se chegou até aqui é porque você tá pouco se fudendo para minha vida. Você quer saber quando a porra toda deu merda, do sexo! Afinal eu sou o “espetáculo da sua mediocridade”, aquela porta que escondeu do seu mundo de pai de família, contas para pagar, esposa, filhos, é, eu sei quem você é, mas eu sou um mistério para você, por isso vem ao meu encontro aqui em meu mundo descompassado, equilibrado pelo caos.

O Fundo do Poço






O fundo do poço... parece clichê a minha figura taciturna num bar cheio de prostitutas, bebendo uísque barato, enquanto o barman tenta expulsar alguns baratas que rondam pelo balcão. Talvez em outra ocasião até sentisse nojo, mas não hoje, não nesse lugar, a decadência tem cara. Percebo que quanto mais vozes gritam em sua cabeça, mais calado você fica para o mundo, sempre temos algo a esconder, a minha quietude camufla a angústia. Embora seja involuntário soa tão falso, mas que se dane! Para quê cuspir um papo chato, melancólico a ouvidos indiferentes? Com certeza, não levaria sequer uma dessas rameiras para cama, independente da quantia que pagasse. Os fantasmas de cada um já são assombrosos demais, ninguém precisa se assustar com o dos outros.

A Loira do Bonfim





Meus dias de penúrias acabaram. Depois de passar por períodos de vacas magras, agora arrumo um trabalho de taxista noturno. Estava muito tranquilo o meu primeiro dia de trabalho e a noite estava muito sossegada. Fiz duas corridas, atendi uma cliente pelo telefone, mas ela havia cancelado o trabalho. Um amigo disse que local bom pra arrumar corrida é na zona boêmia, então bora pra lá, estarei lucrando sobre o dinheiro dos bêbados, prostitutas e degenerados da boca do lixo de Belo Horizonte.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Deuses Poetas e Vagabundos


Quando a tentativa de existir é motivada pela vontade de nunca ter existido, só te resta criar pessoas e mundos, escrever, pintar, esculpir, dançar, cantar, tocar...convidamos a todos da platéia pra uma taça de absinto, veja as cores como elas são pela última vez, diferente do nosso Deus, mesmo embriagada, eu não minto.

Acha que não tenho fé? Creio tanto em Deus que me sinto um, se esse ser existe e criou um mundo, ele é a mais correta descrição do surreal, se ele é inteligente e justo é por que ao seu universo ele achava banal.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Argumentos do Rei





A súdita tem certeza de que seu rei a observa e por isso ela deixa cair um pouco o seu decote, sua saia sobe "sem querer" . O que ele não entende é que ela o enxerga, espreitando por trás desse muro. E esse é o melhor diálogo entre os dois...o único que tem poder de seduzir esse governante.

Ela treina nas horas vagas, e ele sabe que as flechas que essa mulher atira,  não são pra todos os homens, são apenas pra ele...e dentro desse silêncio ele não passa de um grande dominador...ele vai passar a se ver dessa forma, depois que ele compreender que aprendeu a gerir seus discursos falados com bastante maestria, mas não é só o verbo que estabelece limites...e só esse é o seu erro. Ele já tem o poder de comandar calado, e é nesses joguetes que se encontra a sua liderança de forma mais pura.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A Dama da Tarde






Não havia limites para meus sentidos, meus desejos e meu senso moral. Eu já era mãe, família criada, viúva. Havia esquecido de viver para mim mesma há tempos. Trabalho, levar filhos para escola, ir ao centro comercial, encontro com as amigas, almoço de domingo... Já estava estafada dos meus cotidianos problemas. Em uma determinada tarde de sábado eu liguei o Foda-se para vida e para todo senso comum. A partir deste dia, resolvi a viver para mim.  

Fantasia




Eu tive uma discussão com alguém sobre "impedimentos", essa pessoa justifica em abrir mãos desejos, em função dos "impedimentos", ele considera inclusive que tentar superar a estes, é uma FANTASIA. E por isso não quer saber de mim.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ana



         Quando pus o vestido percebi que era melhor tirá-lo. Às vezes mesmo com a sedução que a roupa propõe, mostrar-se nua, inteira, intacta pode ser excitante ao sexo. Christian não para de me olhar, completamente vestido e amarrado na cama, parece estar perdido nas dobras do meu corpo. Mas é isso que eu quero, deixá-lo completamente insano antes de me possuir dentro dele.
- Por que faz isso comigo, Anastasia? Não vê que me estou louco pra meter em você?

Diário de Anya Phillips








Com sua Alma torturada e pronta para a diversão
Anya não vacila quando quer se entorpecer
Chuta, Chupa, Grita faz o que tiver de ser
Não se importa mais com a vida, 
Diz que não tem coração.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Lúcia, Pêssego Perverso





É chegada a hora de botar tudo em panos limpos, Lúcia era o nome dela, nome derivado de Luz. Lúcia era a minha luz. Diz o poeta que no auge da sua vida ele se perdeu na escuridão, eu, no auge da minha, me perdi na floresta escura entre as densas folhagens do destino, mas no fundo das árvores estava Lúcia. Meus quarenta anos vividos já pesavam e minha alegria já havia-se resumido em uma xícara generosa de café e um bom cigarro na varanda. Fazendo este hábito corriqueiramente, minhas únicas horas de alegria na vida já caiam em declínio, mas foi somente até o dia em que vi Lúcia pela primeira vez. Ela estava em total frescor, como um pêssego perverso.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Semiótica do Amor

aperte o play!



Se seu corpo grita eu nem vejo, então mire suas entrelinhas ocultas e pare de jogar com o silêncio...pois eu resolvi a acatar apenas ao verbo! Só ele assola a sua consciência...seus olhos estão distantes, e suas setas humanas certamente apontariam a direção da sua sinceridade.

Sempre te disse com todas as letras que "o não poder" deve ser discutido, e ao "não querer" só resta o acato...então não me tome por louca...se eu viajo nos signos e durmo na magia dos símbolos, é só por que não encerro meu verbo na lógica cruel das palavras...mas quando eu quero, domino o idioma com a razão que poucos podem conceber.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A fome - Parte 1

Picasso, Pablo. - The Kiss


Ana


Era uma vez, uma jovem faminta.

A sua fome não era destas que pode ser sanada com o alimento cultivado nas terras, ou com a carne sem vida, recheada, temperada e chamuscada pelo fogo, oh não, a sua fome era outra.

Ah sim, clichês. Eu sei, são gritantes, mas o que posso fazer se a vida insiste em ficar se repetindo?
O que posso fazer, se a melhor forma de explicar algumas coisas é remeter à outras sensações, tão comuns a todos nós?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Tango em Seis Pernas


Dê play

Suite Punta del Este by Astor Piazzolla on Grooveshark
É noite
A meia luz

Uma sala escura iluminada à luz de velas. Ruido de chuva ao Fundo
Mulher morena, vestido vermelho, lábios vermelhos, média Maquilagem.
Mulher Ruiva, vestido negro, lábios carmim escuro, quase sem maquilagem
Ele, homem de estatura média, aparentando seus 40 anos, black tie, barba ainda por fazer.

A agulha encosta no Long play, ouve-se o chiado característico do vinil, os pimeiros acordes soam: é Piazzolla.

Toque

Music Angel II - by Angiestock


Ilusões efervescentes me entregam a seus lábios gelados
A sua música é um descompasso absoluto, e ainda assim, busco um ritmo
Toque minhas notas, eu me entrego sem pensar
Toque minhas notas, o meu corpo quer dançar

Essa arrogância e indiferença me irritam e me derrotam
Seu sorriso e seu olhar me desmontam facilmente
Você sabe tocar as minhas notas e eu esqueço meu juízo
Você sabe tocar as minhas notas e eu esqueço dos meus medos

Reafirmando minha entrega - Reaffirming my surrender



Assim se passaram três meses... Alguns chamam de ilusão, fantasia, imaginação, invenção de minha mente fértil, loucura, enlouquecimento. Algumas vezes cheguei a pensar que fosse, e que minha próxima parada seria no divã de algum analista sequioso por desvendar meus mistérios, desvelando para mim mesma o porquê de tanta intensidade e desejo. Tarefa inútil, posto que eu mesma já me dediquei a isso por anos, e tudo o que consegui foi definir com cada vez maior clareza minha posição e meu caminho: ser escrava. Meu lado obscuro, proibido, visto como deletério e permanente mal, se mostra agora como o mais rico e profuso nas variações do Prazer. Pertencer, obedecer, me dedicar, cumprindo à risca as regras que meu Mestre sutilmente, ou não, me impõe, sendo a maior e fundamental delas o de estar permanentemente à disposição Dele, para o prazer Dele, em dedicação exclusiva e constante.

A Menina da Rua da Praia

Gravura de João Werner (Artista Plástico)
  Ela pairava pelas ruas de Porto Alegre. A cada passo um olhar corria em sua direção. Podiam sentir o seu cheiro de sexo, aqueles tolos, que como uma nuvem ia se espalhando conforme ela progredia nos paralelepípedos da Rua da Praia. O Calor era intenso naquele início de verão e ela sentia, agora, uma gota de suor escorrer por entre suas pernas, conforme ia deslizando através de seus pelos, um arrepio lhe subia o corpo, fazendo com que se tornasse quase impossível resistir a espera de um orgasmo. Ela sabia que ninguém à sua volta poderia lhe  proporcionar o prazer desejado. Olhava em todas as direções e apesar de ver pessoas belas, com corpos perfeitos, nem homens, nem mulheres a satisfariam por completo. Ela tinha uma atração ímpar por ela mesma, desejava com afinco seu próprio toque e então começou a massagear lentamente seu pescoço enquanto caminhava.

Acredite em minhas ilusões

Nymphs and Satyr, William-Adolphe Bouguereau, 1873
Prefiro nem pensar.
Vou deixar o instinto falar por mim.
E seja lá o que fizer, vai ser assim.

Eu não me importo se você quebrar.

Eu sinto o pulso acelerar e a eletricidade fluindo ao seu redor.
O seu gosto em minha língua é sempre o melhor.
Viro as costas para a razão.

Eu não me importo se você quebrar.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Bom Dia, sua Vadia.






Todo dia eu dizia bom dia. Ela, entre sorrisos, desejava-me cordialmente bom dia. Era a alegria dos olhos, a felicidade dos ouvidos, o calor de sua mão era um sol. Ela dizia bom dia sobre o claro celeste ou sobre o nublado pesar dos dias fechados. Bom dia de segunda a sábado, domingo era folga do meu bom dia, entre toda a sua beleza sempre resplandecia um bom dia. 

Bom dia era dado entre seus olhos, quanto aos meus, com o passar dos dias se tornava mais um lascivo dia. Eu sempre olhava seus seios repousados, sem soutien, dentro da blusa branca. Era sempre um bom dia, mas o melhor do dia era sentir o aroma de seu pescoço no primeiro amplexo de bom dia. 
Todo dia era dado bom dia, mas cada dia meu tesão aumentava paulatinamente. Eu queria morde-la, arranha-la, lamber sua feminina presença. Cada bom dia se tornava doloroso, com o volume entre a calça recebendo os desejos de bom dia. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Manifesto dos Degenerados

aperte o play!!!



Aqui, sob este nefasto e degenerado palimpsesto eletrônico, jazem e renascem as palavras de poetas de um tempo perdido. Só resta a essas almas desencontradas no mundo, e iluminadas pela putaria, resgatar apenas as gotas de nossos repertórios, que tem a possibilidade de serem compreendidas, degustadas e sentidas pelos animais humanos: gotas geradas pelo gozo de nossas idéias. 

Nós que aqui gememos nossos sonhos, marafonas da gramática, gigolôs da fonética de palavras sujas, certamente não vamos ser compreendidos pela maioria, mas não duvide: impingiremos a vocês o castigo de sentir o pulsar orgástico de nossos conceitos, mesmo sem ter a capacidade de compreendê-los, vão sofrer sob o fardo de sua ignorância ter lhe permitido prazeres vãos, mas quem sabe apenas a safadeza te sirva de motivação, nisso consiste toda nossa esperança.

Tensões da Alma




Relações em geral, tem que ser movidas por tensões...não há motivação maior, do que a possibilidade de invadir o outro, a ilusão de penetrar em um universo.

As pessoas podem até literalizar, crendo que o estopim pras trocas "prazerosas" é a possibilidade de invadir um corpo...mas não, invadir corpos sempre foi muito fácil, a magia está mais nas almas arreganhadas que sustentam corpos seletivos, do que o contrário. 

Corpos arreganhados são aceitáveis, até que são honestos, mas provocam prazeres completamente cerceados pela tangibilidade, pelo gozo do lugar eternamente comum dos bichos. Não há por que se gabar de dominar a fisiologia dos homens, cadelas seriam orgulhosas pelas cópulas de seus cães, éguas se considerariam notáveis e misteriosas ao contemplar o seu poder sobre os cavalos.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Maschera nobile de Dracena


Não leia sem dar o play



Ninguém pode conceber o que se passa pela mente de uma mulher discreta. Ahhh, se os homens soubessem o quanto é mais sensato confiar nas mulheres de gestos e de palavras safadas, e o quanto essas são menos voluptuosas e suas intensidades encerram com seus verbos...

Dentro das fêmeas silenciosas o inferno implode com força similar, mas direção contrária ao vulcão de Pompéia...lavas descem e sobem contrariando a gravidade, então elas se calam, pois se abrissem suas bocas, não seriam mulheres, mas sim dracenas, soltando fogos a queimar tantos homens, quanto seus mitológicos maridos dragões já mataram, sem a expertise de saborear o gosto de seus petiscos. Elas, essas dracenas tem o requinte de saborear suas presas sem a exposição dos restos humanos...mulheres não precisam de troféus pra premiar sua feminilidade, precisam apenas do silêncio pra cultuar sua saciedade.