Deslizava em passos delicados sobre o negro rio da urbe.Vangloriava-me, silenciosamente, da postura exuberante que adquirira após poucos meses de dança. Pé ante pé, notava mundos se desfazendo em meu caminhar. Cruel, satisfazia-me em penetrar-lhes os saltos e dilacerar os devotos da minha beleza. Maldita, deleitava-me na sorridente recusa e divertia-me torturando-os com desejos impossíveis.
"Tolo! Não existe amor. Traga-me o coração desta alva donzela. Preciso devorar seus sonhos, sua bondade. Ordeno seu sacrifício, em meu nome, pois sou eu, a mais bela"
Suguei toda a vida do fruto rubro e sangrento, lambuzei meus lábios com a vitória de meu sombrio feitiço.