A Rainha Má - Parte 1

Deslizava em passos delicados sobre o negro rio da urbe.Vangloriava-me, silenciosamente, da postura exuberante que adquirira após poucos meses de dança. Pé ante pé, notava mundos se desfazendo em meu caminhar. Cruel, satisfazia-me em penetrar-lhes os saltos e dilacerar os devotos da minha beleza. Maldita, deleitava-me na sorridente recusa e divertia-me torturando-os com desejos impossíveis.

"Tolo! Não existe amor. Traga-me o coração desta alva donzela. Preciso devorar seus sonhos, sua bondade. Ordeno seu sacrifício, em meu nome, pois sou eu, a mais bela"

Suguei toda a vida do fruto rubro e sangrento, lambuzei meus lábios com a vitória de meu sombrio feitiço.



"- Branca como a neve, rosada como o sangue e preta como o ébano! Enfim,morta, morta, criatura atormentadora!"

Sim, absoluta maldade. Jamais precisei de seus afetos. Eu, de fato, desejava apenas a confirmação do meu poder de fêmea, e daquela casca oca, fiz meu cavaleiro, meu escravo e meu objeto. Não existe amor. Nada pode superar as promessas de luxúria que lancei sobre ele, para que matasse seu sentimento pela entediante princesinha.

O cavaleiro nobre e honrado, em sua obediência e renúncia, tornara-se finalmente digno da minha presença. Asfixiara a doce e reconfortante mentira, e agora trazia em seus olhos, a escuridão e o desejo animalesco. Estava feito. Eu o reduzira a seus instintos. Eu desejava moldá-lo como meu igual.

Aproximei-me de seu olhar e suguei seu hálito perfumado. Serpenteando lentamente, curvei minha beleza a sua força. Ajoelhada a seus pés, lambi meus lábios e sussurrei entre sorrisos: - E com seu cetro em minha boca, dou a você o poder, de fazer de mim sua rainha. - abocanhei seu membro e fiz do seu êxtase meu alimento, engolindo o todo, satisfazendo aquele primeiro momento de aprendizado do meu novo senhor.